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A arte da Meditação

"Com a prática sistemática da meditação poderemos ver tudo
e cada momento como sendo perfeitamente belo; leva até a
contemplação imparcial de tudo o que existe, simplesmente como é."

 

Paulo Murilo Rosas

Considero a meditação uma arte, a arte que nos liberta da saudade do passado e da ansiedade de vivermos o futuro.

Entramos com ela no presente atemporal, estamos abertos às riquezas e às glórias de uma esfera que o tempo esqueceu, mas da qual ela, a meditação, nos faz lembrar, não pelo seu conteúdo, mas pelo que realiza em nós; suspende o desejo de estarmos em outro lugar e desfaz o apego no coração do “eu” sofredor, e nos liberta talvez por um segundo ou por um minuto, ou quem sabe talvez por todo o sempre.

É nesse assombroso momento que a consciência brilha no ser humano um pouquinho mais forte do que brilhava antes. É, nesse precioso momento, que sentimos e vivenciamos a beleza da vida mesmo nos pequenos detalhes, nas pequenas coisas, nos pequenos fatos, sem exceção, como um objeto de extraordinária beleza.

Indo um pouco além, constatamos que com a prática sistemática da meditação poderemos ver tudo e cada momento como sendo perfeitamente belo. Todo o nosso apego e fuga encontrariam um descanso; seríamos libertos de raga/dwesha (pares de opostos) e levados até a contemplação imparcial de tudo o que existe, não como pensamos que deveria ou poderia ser, mas simplesmente como é.

Quando você puder ver realmente o aqui e agora, cada pequena coisa ou o evento inteiro com estes olhos, você então se desfará com “Ahankara” (noção do eu) e ficará, em vez disso, como Plena Consciência.

Você não desejará nada naquele momento a não ser contemplar sua infinita Perfeição. Você não desejará nem fugir do mundo nem agarrá-lo, nem alterá-lo; naquele instante não haverá medo, esperança, ou movimento. Você simplesmente será a Testemunha de tudo, a percepção pura, a plena Consciência, Shiva.