Paulo Murilo Rosas
A filosofia tântrica não é um conhecimento abstrato, cada Sadhaka (buscador) deve aplicar à vida cotidiana suas conclusões teóricas a respeito da realidade. Por isso, o tantrismo é sempre encarado como um modo de vida; ele não deve ser tratado somente como um exercício de pensamento racional.
Segundo os mestres tântricos, toda experiência deixa uma impressão na mente.
Experiências que provêm do “eu” reforçam a ilusão egóica de que eu sou o agente da ação; ao passo que os momentos de autotranscendência fortalecem a mente do Sadhaka em direção à sua Sadhya (objetivo), que é o autoconhecimento.
As Vasanas são as tendências da nossa personalidade que constituem a parte mais profunda da mente humana, e os Samskaras, são as tendências reprimidas que são responsáveis pela constante atividade mental, atividades essas que tomam forma em Vrttis (pensamentos).
As Vasanas são os ativadores que se combinam transformando-se em marcas complexas em nossa mente e que estão por trás da nossa vida consciente e acabam por se constituir em nossa forma de agir ou reagir formando, assim, a base do nosso destino (Karma).
Por isso os mestres tântricos recomendam que a nossa Sadhana (disciplina) esteja baseada em três pilares:
1.Viveka, discriminação entre o real (Atma) e o não-real (Anatma).
2.Vairagya, desapego do “eu”, deixar de se identificar com o agente da ação (Jiva), para poder viver a plenitude do Ser (Atma).
3.Abhyasa, a repetição constante da identificação de que eu Sou Consciência (Atma).
Somente assim poderemos chegar com segurança à nossa Sadhya (objetivo) que é, em última instância, o reconhecimento de que: eu já sou sempre fui e serei a felicidade que tanto busco.