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Reflexões no Templo I

"O conhecimento não pode ser confundido com
um acúmulo de informações intelectuais"


Portugal 
outubro 2005

O conhecimento não pode ser confundido com um acúmulo de informações intelectuais. Podemos transmitir as informações, porém o conhecimento interior, – o auto-conhecimento, é a conseqüência de um ato de reconhecimento pessoal e individual resultado da própria vivência de que “eu sou esse conhecimento que busco”.

Os ensinamentos Tântricos mantêm-se em segredo sem qualquer esforço na medida em que o ser humano só pode identificar um conhecimento e utilizá-lo quando o seu próprio estado de consciência for adequado ao nível deste conhecimento.

O Tantrismo é um caminho que leva a um destino: o auto-conhecimento, que só poderá ser alcançado se nos decidirmos iniciar a viagem pondo em prática todos os ensinamentos, por mais insignificantes que possam parecer, e ter a coragem de modificar nossos comportamentos padronizados e transformar-nos constantemente em algo novo e diferente.

O objetivo do Tantrismo é a sabedoria, ultrapassar os pares de opostos (raga/dvesha) e perceber que é o Total, ou seja, reconhecer que sempre foi e será a felicidade que busca.

As disciplinas Tântricas (asanas, pranayamas, dharana e etc.) são muito úteis, pois irão nos preparando e guiando ao longo do caminho e nos ajudando a ultrapassar os obstáculos e nos orientando sobre o rumo a tomar nas encruzilhadas da vida.

Gostaria de fazer uma observação a respeito do conceito de “problema”. Em verdade, na visão Tântrica ele não existe. É dito que o processo de aprendizado é também uma expansão de consciência que nos possibilita resolvê-lo. Esse processo de aprendizado tem como conseqüência que a situação resolvida nunca mais aparecerá como “problema”. É importante lembrar que um problema indica apenas a diferença de nível entre uma circunstância e um estado consciência.

Na verdade a vida é uma escola, um aprendizado, mas infelizmente para a grande maioria isto não é tão evidente como deveria ser.

Conforme acabamos de ver, o processo de aprendizado só acontecerá através da solução de problemas por isso se afirma que os problemas revelam-se como a força propulsora da evolução e, baseados nisto, podemos afirmar que as circunstâncias que se incumbem do constante aprendizado do homem por colocá-lo constantemente diante de novas situações, ele as chama de Destino.

As doenças e os golpes do destino quase sempre representam um aspecto da lição que não foi aprendida voluntariamente. Quando algum problema ou doença se manifestar, pergunte-se sempre: O que esse problema ou essa doença estão tentando me ensinar? O que devo aprender e que ainda não consegui entender? (ou ficou claro na minha mente).

Perceba que as doenças e os golpes do destino quase sempre representam um aspecto da lição que ainda não foi aprendida.

O ser humano nasceu para ser feliz e, consciente ou inconscientemente, busca sempre essa felicidade. No entanto ignorando o real significado desta palavra, projeta sua busca no mundo exterior – em objetos, pessoas ou, sentimentos como poder e posse. Inicia-se uma busca inútil e infrutífera, sem fim, pois quando estiver de posse do tão desejado objeto (a felicidade) ele se revelará insuficiente para transmitir o que almeja.

Na verdade esquecemos que não podemos perseguir ou possuir a felicidade, pois ela é um estado de consciência e, por conseguinte, podemos apenas ser felizes e viver plenamente neste estado. Felicidade em última instância é o reencontro com a unidade.

Os Tântricos, por conhecerem os diversos níveis de consciência do ser humano, não fazem pregações, não tentam impor verdades. Oferecem o conhecimento àqueles com quem descobrem afinidades ou que estão preparados.